GuardaSol Lili: 2023

domingo, 17 de dezembro de 2023

Como transformei a minha carrinha em Campervan

Dezembro 2023

Tudo começou em Novembro 2021, quando comprei a carrinha com o objetivo de a transformar.
Em 20 dias fiz as alterações.

Nunca tinha feito nada do género, a experência que tenho em ferramentas e materiais, é de fazer os ditos "biscates" por casa. Por isso não tive de comprar nenhuma máquina (tico tico, berbequim, rebarbadora, etc.) porque já tinha em casa.

Depois coisas mais específicas como, saber o material a usar para isolar, o tipo de cola para fixar, etc, fui vendo vídeos no youtube e cruzando como informação que pedia em loja (Leroy Merlin).

Só a claraboia é que não fui eu que montei. Foi na Albicampo (Aveiro) que fez a montagem, na altura paguei 350€, montagem e claraboia.

Total que gastei: 960€

-» 430€, diversos (parafusos, argolas e espuma de fixação ...), materiais de isolamento (lã mineral, XPS e isolamento refletor em bolha), placa OSB (chão), pavimento vinílico (chão), depósito de água (potável e água cinza) lava loiça, etc.

-» 350€, claraboia transparente (Albicampo) com rede mosquiteira e blackout.

-» 80€, móvel cozinha, Decathlon

-» 50€, chuveiro de pressão, Decathlon

-» 50€, colchão auto insuflável, Decathlon

Comprei praticamente todos os diversos no Leroy Merlin, exceto os depósitos de água que comprei num site espanhol: Todo Campers.

Extras:

--» Painel Solar Monocristalino, 100W, dobrável, com suporte regulável para várias posições e ângulos, com cabos para ligar a bateria, com display incorporado para controlo do painel e bateria.

Encomendei pela Wish no ano de 2021, por 140€ (preço já com portes de envio).

--» O extintor e manta antifogo, não é obrigatório ter, em Portugal. Já não sei os preços. O extintor comprei em 2023 no início do ano, para ir para a Tunísia. A manta não tem validade e já a tenho à muito tempo.

Ficou quase como idealizei. A ideia era fazer o acabamento (paredes e teto) com imitação de cortiça, mas em borracha.

Eu ia comprando mais material, à medida que ia passando as etapas de montagem. Depois de aplicar o rolo de isolamento refletor em bolha, fui para ir comprar o tal rolo de cortiça, pedi um generoso pedaço de amostra, fiz várias perguntas de como colar o material, etc.

Levei para a carrinha e comecei a marinar nas dúvidas, se deveria ou não colocar.

É necessário precaução na escolha dos materiais, na escolha da fixação de dois materiais diferentes, etc.

Numa Campervan há uma variação muito rápida de temperaturas. E sendo um veículo, tanto está em sítios muitos frios, como muito quentes e os materiais tem que resistir.

Eu sabia que á partida até ao isolamento em bolha, a espuma de fixação iria aguentar e fixar.

Mas se opta-se por colocar o acabamento, que iria ser só pela parte estética, iria ter 2 desvantagem: limpeza e possível descolamento.

Decidi não colocar e deixar assim.

Não está o interior mais bonito ... mas é super prático!

18 Dezembro 2021 está pronta!

Já se passaram 2 anos e tem sido maravilhoso.

Estou super orgulhosa do meu trabalho.

A carrinha tem tudo o que preciso, para além de ser prático e rápido, encher e vazar os depósitos de água.

Consigo fazer tudo dentro da carrinha: cozinha, comer, dormir, urinar/defecar e higiene pessoal.

Para além disso, não preciso de retirar tudo de dentro da carrimha para ir à inspeção e não há nenhum, mas nenhum problema em andar assim com a carrinha.

Já foi vista por dezenas de polícias/fiscais (sem exagero), quer em Portugal e por todos os países que ela já foi.

Antes de a transformar, foi à GNR informar-me sobre as leis em vigor. Enviei um e-mail ao IMT, para saber se era necessário a legalização de uma claraboia. Para a minha carrinha não foi necessário.

Desejo continuar a poder conhecer o meu mundo / nosso mundo!

Fotos

Quando comprei e como estava a 27 Novembro

1º passo da transformação, foi retirar a alcatifa

1ª camada do isolamento, lã mineral e XPS

Isolamento final das paredes e teto, isolamento refletor em bolha

Antes

Depois

Chão: isolamento em bolha, placa OSB e finalizei com pavimento vinílico

pontos de fixação

lava louça

lava louça, versão final

Dezembro 2021

Depois de 20 dias está pronta, 18 Dezembro 2021

Dezembro 2023

Algures numa viagem, ao longo destes dois anos

Primeiras férias de Natal 2021, Espanha

Bolsa da sanita

Sanita: líquidos e sólidos

Uma das possibilidades de saco para sanita

Outra possibilidade de saco para sanita

Chuveiro de pressão

Material para fazer a cama

Cama feita e onde durmo

Saco do painel solar

Painel solar

Painel solar, não está fixo

lembrança de Sardenha

Proteção que fiz para cavidade no tablier

Coloquei espelho de apoio, para evitar ângulos mortos

Botija e fogão, que coloco onde quero

Algures numa viagem, ao longo destes dois anos

Dezembro 2023

sábado, 4 de novembro de 2023

Road Trip Irlanda, 1745km Outubro 2023

14 a 29 Outubro 2023

Depois de 1745km a percorrer a República da Irlanda, para mim é sinónimo de castelos, arco-íris, muitas vacas e ovelhas, o melhor queijo que já comi, o mar mais escuro e sempre cheio de algas marinhas (fucus), povo bem disposto e prestável, um país com um ambiente místico e claro com muito boas paisagens naturais.

E foi o primeiro país, em que não fui mandada parar pela polícia!

3315km foi o total da viagem Aveiro -» Irlanda -» Aveiro
680€ foi o preço do ferry ida e volta. Brittany Ferries de Bilbau (Espanha) -» Rosslare (Irlanda), através do site Direct Ferries.
340€ total gasto em combustível. Preço do combustível Portugal 1,70€; Espanha 1,49€; Irlanda 1,83€. Preço que paguei pelo combustível durante a viagem, mas 3/4 da viagem fiz com combustível Espanhol, porque com o tanque cheio consigo fazer 1200km (mais qualquer coisa).
A moeda é o euro.
100€ gastei em alimentação. Levei algumas coisas básicas de Espanha (já incluído no valor). Na Irlanda existe Aldi e Lidl, os preços são iguais ou uns cêntimos mais caras. No Testo (que não temos cá e com produtos diferentes) é um pouco mais caro e a diferença é de euros.
0€ em estacionamento, porque estacionava nos arredores das grandes cidades. Nos Parques Naturais, ou como exemplo, nas Falésias de Moher em que numa extremidade (Lislorkan North) o estacionamento era a 7€, na outra ponta (Mullaghroe North) era 5€. Eu pernoitei e deixei a carrinha na aldeia Liscannor (grátis) e percorri 5km a pé até ao estacionamento de Mullaghroe. Também como exemplo, em alguns estacionamentos os carros pagam 4€ e as autocaravanas/carrinhas pagam 15€. Acho que é um abuso a diferença de preço, mas mostra claramente 2 coisas: que há muitos campistas; e que de alguma maneira querem controlar o volume e faturar Muito com os campistas.
0€ Não andei em estradas com portagens, na Irlanda

Há muitos controladores de altura (barras) nos estacionamentos e em parques de merendas ao longo do país. A minha carrinha passa, mas se tivesse mais de 2 metros já não.

O meu top 4 de paisagens naturais:

-» Cliffs of Moher (trilho no topo da falésia). Trilho grátis; linear; estacionamento pago, ou estacionar na aldeia mais próxima Liscannor (grátis). Normalmente 2h para quem estaciona, no parque principal (Lislorkan North, 7€) é suficiente. Agora para quem quer caminhar junto das falésias e tem disponibilidade de tempo, entre 5h a 6h, nem se dá pelas horas a passar.

-» Trilho Upper Diamond Hill, Parque Nacional Connemara. Trilho grátis; estacionamento grátis junto ao início do percurso Visitor Centre; percurso circular 7km, +/-3h; no topo do percurso com uma vista 360º do Parque Connemara.

-» Trilho Slieve League, o conhecido One Man's Pass. Trilho grátis; estacionamento junto ao Bunglass Point (o estacionamento mais usado 5€, para quem não faz o trilho circular), para quem quer realmente fazer o trilho completo, estacionamento no início do percurso em Sliabh Liag Visitor Centre (grátis); circular +/- 7h; o percurso circular não é um trilho oficial e marcado. Temos 2 trilhos oficiais e lineares, para não incentivar as pessoas a atravessar a zona de One Man's Pass, porque é realmente perigoso e é um perigo visível e sem filtros. Será uns +/- 30 metros de distância a percorrer, com a largura de 3 palmos de rocha com inclinação, no topo de um penhasco com +/- 600 metros de altura.
Para fazer o trilho circular é sair do Visitor Centre, seguir indicação do trilho Pilgrim's Path (caminho dos peregrinos). Quando tiver no topo da falésia o trilho acaba, porque é linear. Depois pode:

- virar a direita e seguir sempre na crista da falésia até onde apetecer ir, por aí tem uma amostra relativamente segura do que é caminhar no topo de um penhasco. Depois é voltar para trás, até ao ponto que virou à direita, mas desta vez segue em frente.

- Se chegar ao fim do trilho Pilgrim's Path, e já tiver muito cansado ou com falta de tempo, é virar á esquerda e não há marcação. Mas não tem nada que enganar, é seguir sempre no topo da falésia. Porque todos os caminhos vão dar a bifurcação One Man's Pass.

Ao fazer primeiro o trilho Pilgrim's Path, faz o percurso One Man's Pass a descer, que acho mais fácil :) Foi o pedaço de trilho (+/-30 metros) mais difícil que já fiz na vida! À uns anos quando fui para Espanha, fazer o trilho Caminito del Rei, fui á procura da sensação de fazer um trilho difícil em termos de segurança e duro fisicamente e não foi isso que encontrei.

Mas sem estar muito à espera, foi aqui que encontrei esses sentimentos. Em blogues que vi e no youtube, não mostravam esse pedacinho, que é o verdadeiro One Man's Pass. Mostravam o trilho todo e sim é desafiante fisicamente e para quem tem medo de alturas, mas para mim era tranquilo. Quando me deparei-me com aquele pedaço de rocha, com uma inclinação considerável, não pensei muito.

Foi sentar-me e ir-me arrastando pela rocha abaixo :)

Depois é ir seguindo as indicações até ao estacionamento Visitor Centre, desfrutar da paisagem e de todas as sensações que transmite.

-» Parque Nacional Montanhas de Wicklow. Só de andar pelas estradas é uma mistura de beleza:

- a vegetação com tons de outono,

- lagos no colo das montanhas,

- veados a pastar,

- as ovelhas pintadas no dorso que estão espalhadas pelo país inteiro,

- um passarinho que me fez companhia dentro da carrinha, enquanto fazia o almoço, etc.

Também foi engraçado que pelo caminho ia encontrando quintas tradicionais, numa delas (Molly Gallivan's, Bonane) estava fechada (a parte do comercio) e por isso não paguei entrada. Mas pude fazer um pequeno percurso pela quinta e assim que vi a carrinha, as ovelhas e todo o ambiente, lembrei da série "infantil" Ovelha Choné :)

E assim foi a minha experiência, as memórias que trago da mística e encantada Irlanda!

Bons quilómetros